sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Amber Waves/Bells For Her

Amber, fique longe dele. Fique longe dele porque eu não quero você longe das aulas de balé. EU não quero, porque não posso falar por mais ninguém, e se as outras pessoas não lhe falam é porque não têm vergonha na cara o suficiente pra dizer. Não largue as aulas de balé pelos vídeos pornôs. Não prostitua sua moral em nome de alguém que se alimenta de tal prostituição. Cafetões não moram só em Las Vegas, e eu não iria lá só pra lhe salvar. Mesmo porque você nunca ligaria, e o Jacarandá nunca me contaria sobre como andam as coiasa, então eu peço: fique longe dele.
Você sempre andou daqui pra lá em sua Nishiki, sempre sem tempo, e de repente você tem todo o tempo do mundo pra ter o sangue chupado. Pra ser enganada. Pra se vender por um espelho. Um espelho de circo. E eu sei que as palavras são tão doces quanto a sidra, e que confortam. Mas são apenas analgésicos, Amber. E você calça os sapatos dele como se seu número fosse 43, mas então porque você volta ao 39 quando ele não está do seu lado? Amber, Amber, Amber, afaste-se do Vampiro.
E quando você mente pra mim, quando você disfarça a situação e finge paz de espírito, não ganha nem tempo nem fôlego. Ganha um novo fio solto na trama do cobertor. Você diz que se importa, que está alí, mas não está. Porque toda vez que eu me pergunto se você está aí, eu não sei mais. Você parece com ela e tem os olhos dela, mas não é ela. A máquina dele de cura instantânea brilha no escuro, você diz. Eu digo Amber, trilhe outros rumos.
Já não sei mais como dizer as coisas pra você, então agora eu as digo só pra mim. Porque é a última instância, é cuidar tanto de você pra fingir que você não cuida mais de mim. De que viramos apenas colegas de xícara e tragada. Você já desistiu de mim, e eu tento compensar não-desistindo excessivamente de você, até. Mas é que dói. Dói saber que você, que se diz tão íntegra e fiel às falas, foge do texto, dependendo da platéia.
Em algum lugar os fios se perderam na trama, e o cobertor vai se desfazendo. Eu me agarro ao cobertor e isso acaba por acelerar o desfacelamento. Poderíamos colocar patches de gatinhos e remendá-lo, e não ficaria tão mau. Mas por favor... por favor, não cubra os rombos com a mão e pergunte do que eu estou dizendo.


So I went by cause I had the time,
told the Northern Lights to keep shining
They told me tell you -- they are waiving

Still, pretty good year

2009 começa como qualquer outro ano. Falta menos de um mês pro meu aniversário, inferno astral ad nauseum. É tempo de acordar às 13h, enrolar na cama até às 15h, almoçar às 16h e descobrir que a vida é o lixeiro do banheiro da Sandy às 17h. Passo muito tempo dividido entre ficar deitado encarando a luminária do Pateta e ficar sentado fingindo que assisto qualquer coisa.
É um sentimento bastante estranho, esse de se sentir sozinho. As pessoas comentam sobre isso, escrevem músicas, livros e roteiros sobre isso. Acredito, contudo, que a solidão é a coisa mais impenetrável e indivisível de todas: você não consegue compartilhar sua própria solidão com mais ninguém. E ela sempre chega dando voadora no começo do ano. Você pára pra pensar e ponderar um ano inteiro, e descobre que cada vez se fecha mais. Que cada ano você tem menos amigos e menos histórias pra contar.
Bom, essa é a minha solidão, não espero que ela seja concisa e legível pra ninguém. E também não espero que alguém ache que esse é meu único pão. Porque assim mesmo, foi um ano bem bom.

Somethings are melting now